Vergonha de que?

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Este post foi escrito no dia 12/07 depois da derrota do Brasil para a Holanda na disputa de terceiro lugar.

A Copa do Mundo acabou e não foi dessa vez que nós conquistamos o Hexa. A tristeza pode demorar um pouco a passar, mas não quem vai ficar um bom tempo por aqui ainda será a saudade do clima da copa. Essa foi, de longe, a copa mais marcante para mim. Talvez por ser recente ainda e a minha memória não ser das melhores. Comemorei muito o penta, mas comemorei muito mais a Copa do Brasil. Foi a copa das copas, no sentido de animação da torcida, de belos gols, de envolvimento de todas as nações, de todos os corações em um só lugar. Eu não esqueci tudo o que nós brasileiro vivemos nos últimos anos por conta da copa, mas o assunto merece muito mais discussão e o meu foco com esse post é outro.

Eu tenho visto muita gente criticando a seleção, mas sem entender um pingo de futebol. Eu não sou expert no assunto, mas já joguei bola muito tempo da minha vida, fui goleira em alguns campeonatos e entendo alguma coisa. Sei que a falta de uma peça importante do time causa impacto, sei que uma derrota tão grande abala de verdade, mas sei principalmente que um time sob pressão pode se implodir muito fácil. Talvez a pressão de lutar pelo Hexa em casa tenha sido muito pra cabeça de alguns jogadores, talvez a falta de Neymar tenha atrapalhado a confiança deles ou talvez a derrota para a Alemanha tenha sido a gota d’água. Mas lutar por um sonho e não alcançá-lo não é motivo de vergonha.

Alguns andam dizendo por aí que tem vergonha da nossa seleção, vergonha de ficar em quarto lugar. Eu não. Vergonha eu tenho dos torcedores que foram ao estádio e vaiaram os nossos jogadores. Vergonha eu tenho da falta de investimento em educação, do estado crítico do sistema público de saúde, do excesso de corrupção, da falsa democracia, da violência, da miséria. O Brasil ficou em quarto na copa do mundo, mas está em colocações muito piores em índices que realmente importam! Pare um pouco pra pensar antes de falar besteiras por aí. E sinta vergonha das coisas que realmente merecem esse sentimento. Pare de levantar cartazes e fazer piadinhas sobre futebol ou sobre a seleção e use a sua voz para expressar ideias que podem mudar o nosso país. Vimos que o jeitinho brasileiro não deu certo no futebol, então é hora de percebermos que esse jeitinho não resolve nada!

Sabe uma coisa que me marcou nessa copa? Um nome: David Luiz. Ele pode não ter dado o seu melhor em campo em todos os jogos, mas deu ao mundo um exemplo indescritível! Ele só queria fazer seu povo feliz, um povo que sofre em tantos aspectos merecia uma felicidade no futebol. Não fique triste David! Não posso falar por todos, mas pra mim você trouxe felicidade, e muita! Você provou que jogador de futebol não se preocupa só com o resultado dentro de campo! Você foi o cara que fez um golaço, o que soube reconhecer a luta do adversário, que transmitiu alegria a todos que se aproximavam de você, que chorou pelo seu povo e que brigou até o fim pelo seu sonho. Não há exemplo melhor que esse! Que nós que assistimos a tudo isso possamos seguir os bons exemplos que essa copa nos trouxe.

A mudança é possível, cabe a nós lutarmos por ela!

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Mãe, eu tenho muito orgulho de você!

Um dia desses minha mãe foi dar uma voltinha no Rio de Janeiro. O motivo da viagem era um encontro de mães, Mães sem Fronteira, ou choronas descabeladas como elas mesmas se chamam. O intercâmbio trouxe novas experiências e amizades, não só pra mim, mas também pra minha mãe.

O grupo que surgiu de uma simples conversa na mesa do almoço, quando o resultado do Ciência sem Fronteiras ainda nem tinha saído, hoje conta com mais 1300 mães. E elas não param de chegar. A cada dia Dona Vera aconchega no grupo novas mamães, do Brasil inteiro, que buscam uma palavra amiga, um ombro pra chorar, um meio de compartilhar dores, medos, alegrias, fotos e confissões. E isso vale muito mais do que a bolsa que nós estudantes do programa ganhamos pra sobreviver longe de casa!

Nós viemos pra um mundo novo, cheio de aventuras e quando a coisa aperta nós nos apoiamos nos novos amigos, na nova família que formamos. Mas e quem fica pra trás, quem sofre com a nossa falta em casa, se apoia em quem? Foi pensando nisso que a minha mãe criou o grupo, e é por conta dele que eu tenho certeza que ela teve até hoje, e terá por mais esses poucos dias que me faltam, a força, a coragem e o equilíbrio de tocar a vida sem a “pepita de ouro” dela. O Skype reduz a distância, a presença dela aqui durante alguns dias foi maravilhosa, mas nada se compara a convivência de todo santo dia sob o mesmo teto.

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É por isso que eu digo: Mãe, eu tenho muito orgulho de você! Orgulho da sua força, da sua vontade em manter tudo sempre perfeito, da sua alma maravilhosa que sempre promove o bem por onde passa, da sua dignidade, honestidade, da sua fé que move montanhas, da sua preocupação em me manter bem, mesmo de tão longe. Orgulho do seu trabalho duro de fazer com que todas as mães se sintam aconchegadas num cantinho virtual, da sua coragem de sair andando pela estrada afora pra conhecer pessoalmente essas mães tão carinhosas e atenciosas com as quais você convive todo dia pelo Facebook.

As histórias desse grupo que eu escuto dariam pra escrever um livro, e dos bons! Fica aqui a minha dica 🙂 Por todas essas histórias e por todas que ainda estão por vir, parabéns mãezinha! Isso é fruto de uma ideia sua, de toda sua atenção e dedicação pelo próximo e desse seu enorme coração! Coração de mãe, que sempre cabe mais uma mãe, mas que ainda tem um espacinho todo meu, e só meu!! Que essa sua conquista te leve muito além do que você imaginou naquele almoço em família. Que seus dias sejam cada vez mais iluminados e que Deus te proporcione muito mais alegrias e novas experiências. Porque seu crédito é grande, e você merece tudo de melhor que esse mundo pode te dar!

Um beijo enorme, cheio de orgulho e saudade, da sua filhota, de Londres. Te amo mãezinha, muito! ❤